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segunda-feira, 12 de novembro de 2007

:: Budismo costumes e tradições

:: Yakubarai - para afastar o sofrimento

Yaku significa "calamidade"e doshi anos


Costuma-se comparar alguns períodos da vida com os nós de um bambu. Aquele nó duro e marcado é necessário para continuidade do bambu, assim como representa uma etapa da vida do ser humano. Chamados de yakudoshi, a idade em que se concentram os males, segundo yin/yang chinês, no homem é representado pela idade 25, 42, e 60 anos, e nas mulheres de 19 a 33 anos. É sobretudo a idade da maturidade e da transformação.

No budismo se realiza a cerimônia do yakubarai, para afastar o sofrimento. A cerimônia pode ser individual ou coletiva (junto com outras cerimônias no Kannon Hõyo), é realizada pela primeira vez no ano do aniversário anterior (24, 41 e 59 anos no caso dos homens e 18 e 32 no caso das mulheres), de preferência nos primeiros meses do ano, e depois no ano seguinte, como agradecimento pelo encerramento do período crítico.

Não há nenhuma regra estabelecida, mas é comum realizar a primeira cerimônia apenas com a presença de familiares mais próximos, e a segunda com familiares e amigos, seguida de uma festa.

Missas Memoriais

O culto aos antepassados é uma parte importante do budismo. Assim se realizam missas periódicas em memória do falecido.

7º dia (shõnanoka) – Considera-se que a evolução do falecido conteça de 7 em 7 dias, ou seja, ela deixa o mundo em que vivemos e segue em direção a um estágio superior. No 7º dia celebra-se o cumprimento da primeira etapa de uma longa jornada.

49º dia (shijuku-nichi) – Após 7 semanas do falecimento, a pessoa já cumpriu todas as etapas e está pronta para o renascimento.

100º dia (hyakkan-nichi) – Nem todas as famílias realizam essa missa. Celebra o fim do período de concentração e treinamento.

1 ano (isshu-ki) – tradição incorporado pelo budismo na China, significa o fim de um período de luto pelo falecimento.

As demais missas representam uma homenagem periódica ao falecido, celebrando sua evolução constante, firme “como a junta de um bambu”. Notar que, excetuando os últimos números 25, 27, 33 e 50, todos os outros são primos, ou seja, só divisíveis por si e por 1:

3º ano (sankai-ki)

7º ano (shichikai-ki)

13º ano (jusankai-ki)

17º ano (jushitikai-ki)

23º ano (nijusanaki-ki)

25º ano (nijugokai-ki)*

*cerimônia não obrigatória, simboliza uma homenagem pelo transcurso de metade de sua caminhada.

27º ano (nijushitikai-ki)

33º ano (sanjusankai-ki)

50º ano (gojukai-ki) – Na tradição japonesa, a celebração de 50 anos de falecimento era feita pelos vilarejos como um festival, por considerar que o falecido se transformará após o festival num Deus protetor daquela localidade. Essa tradição foi incorporada ao budismo, por considerar a chegada da pessoa à Nirvana, ou seja, a sua transformação em Buda.

Sempre na véspera

Pela tradição, as cerimônias são realizadas sempre na véspera da data, ou seja, a missa do 7º dia será realizada no 6º dia, a missa de 49º dia será realizada no 6º dia, a missa do 49º dia será no dia 48º dia, a de 1 ano será alguns dias antes de completar um ano, a de 3 anos será no 2º ano, etc.

Isto porque costumam contar os dias ou ano do falecimento como 1, desprezando-se o zero. Pelo mesmo motivo, os japoneses costumam contar a idade a partir do nascimento começando do 1.

Homenagem

O budismo considera que as missas são uma homenagem ao falecido, e que nessas ocasiões deve-se reunir os familiares e amigos, que muitas vezes não se encontrariam de outra forma. Reunir pessoas que tinham laços com o falecido significa a continuidade do elo que sempre existiu entre elas.


Envelopes com dinheiro

O desconhecimento dos costumes tradicionais em que a etiqueta se faz necessária provoca, muitas vezes, situações embaraçosas entre os descendentes de japoneses e parentes não descendentes. Colocando de maneira pratica, como se proceder quando um amigo ou conhecido da família falece?

Não se trata apenas de ir às cerimônias fúnebres, seja no templo budista ou na residência da pessoa falecida. É costume oferecer naquela ocasião um envelope com uma determinada soma de dinheiro. Tornou-se essa pratica uma formalidade que, por outro lado, suscita dúvidas. Pergunta-se, por exemplo, o valor que se coloca no envelope. Mais do que se preocupar com o valor em si, pode-se colocar a questão de outra forma: o que eu posso dar num momento tão difícil para a família enlutada?

Essa quantia deve ser colocada num envelope branco, dessas de carta, ou num envelope apropriado para este fim – vendido nas lojas de produtos japoneses.

Normalmente escreve-se com pincel (fudê) à base de tinta preta (sumi). Mas isso não deve ser considerado uma regra. A dificuldade no Brasil em achar alguém que maneje bem o pincel tornou mais flexível esta tarefa. Pode-se usar uma caneta comum, como uma esferográfica, sem se preocupar com a estética que um pincel pode proporcionar.

Este envelope pode ser entregue à pessoa mais próxima do falecido – a esposa, o marido ou o filho mais velho. Antes da cerimônia fúnebre, quando se procede os pêsames, é o momento indicado para, também, ofertar o envelope. Outra prática bastante comum, principalmente quando a cerimônia está sendo realizada em casa, é oferecer o envelope diretamente ao falecido. Em outras palavras, ao Buda inscrito na tabuleta conhecida por “Ihai”. Isso acontece no momento em que as pessoas são convidadas pelo oficiante a oferecer incenso. O envelope pode ser depositado ao lado da caixa em que contém o incenso em pó ou no recipiente no qual se deposita as varetas de incenso.

Em alguns casos excepcionais, numa cerimônia com muitos convidados, no templo, uma mesa serve como recepção. É o local em que se assina o nome num livro de freqüência. O envelope deve ser entregue nesta ocasião.

Uma outra dúvida, bastante freqüente, é sobre em quais cerimônias oferecer o envelope. Pode-se referir à cerimônia de sete dias, quarenta e nove dias, de um ano e assim por diante. O mais comum é oferecer nas duas primeiras. São as datas mais próximas ao falecimento, o que justifica uma demonstração de apreço com o falecido e de compaixão com a família.


envelope

Kanreki – 60º aniversário

Para homem, o 60º aniversário é chamado de kanreki, o reconhecimento da “segunda infância”. Os caracteres japoneses (kanji) da palavra kanreki literalmente significam “retorno” e “calendário”.

O calendário tradicional, que é baseado no calendário chinês, que foi organizado em ciclos de 60 anos. O ciclo da vida volta ao ponto inicial em 60 anos, e o kanreki celebra o ponto em que a vida do homem volta a sua infância.

Tradicionalmente, amigos e parentes são convidados para a festa de celebração no 60º aniversário. É costume o aniversariante usar uma boina e roupas vermelhas. Estas roupas geralmente são usadas por bebês e isto simboliza que o aniversariante voltou ao seu nascimento.

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